sábado, 28 de março de 2020

As Mil Noites


Título: As mil noites
Autora: Emily Kate Johnston
Editora: Intrínseca
Ano: 2015 (original)/ 2016 (Brasil)

"Aquela que Lo-Melkhiin escolhesse seria uma heroína. Aquela que ele escolhesse daria às que ficassem para trás a esperança de um futuro. Aquela que ele escolhesse jamais seria esquecida."

Meu resumo

O livro parte da história "As mil e uma noites", com um rei que mata todas as suas esposas na primeira noite de casamento, e uma moça que tenta salvar a sua vida (e das demais mulheres) se casando com esse rei e contando histórias. Mas as semelhanças acabam aí. "A história que nunca foi contada..." é que o rei comete esses feminicídios por causa de um encosto (lógico, que pessoa em estado normal faria isso?) e que a moça só sobrevive porque vira uma deusa menor, idolatrada pelo seu povo. Os deuses menores eram pessoas mortas, veneradas pelo povo por feitos notáveis no passado. Como era quase certo que a moça teria morrido assim que se casou com o rei, acabou já virando deusa, estando ainda viva. Fato é que o demônio do rei não consegue matar a mulher por causa dessa "proteção divina", então decide destruir o povo dela. Aí entra o poder se contar histórias da mulher. Toda vez que ela inventa um história para distrair o rei, essa história acaba se tornando real. Com essas histórias, enfim, ela consegue derrotar o demônio do marido e viver como outro demônio da idolatria, tendo se tornado deusa. Fim.

Impressão geral do livro

História muito bem escrita, cativante e inovadora. Vestiu com uma outra roupagem uma das histórias mais antigas e conhecidas do mundo, mantendo o cenário base, mas dando um significado totalmente diferente aos elementos da história. Uma pena que transformaram tudo em uma história pagã, do mal lutando com o mal, tendo o mal como vencedor.

Como a história me impactou

De uma forma bem negativa, para ser sincera. O personagem que achei mais interessante, por incrível que pareça, foi o rei, porque o demônio que nele habitava também tinha voz, e à semelhança do clássico "Cartas de um diabo a seu aprendiz", de C. S. Lewis, esse demônio explica a facilidade de conquistar um coração humano ao se aproveitar das suas fraquezas e ambições. Agora, essa coisa de buscar poder e proteção em si mesmo, nas orações feitas para você, que paganismo é esse? Não é como se um "deus" tivesse protegido a rainha, mas ela mesma se protegido porque virou deusa. E aí, qual a moral da história? Vença inimigos poderosos e invisíveis com o seu próprio poder! Para quê buscar um Deus real, se você pode ser adorado pelos homens e virar seu próprio deus?

Frases para guardar

Não faço questão de guardar nada desse livro, não.

Consideração final

Dificilmente eu me arrependo de ler um livro, mesmo que ele seja meio ruim. Não me arrependi de ler esse por causa da criatividade da autora e pela boa escrita. Mas não é algo que eu recomendaria, porque acredito no poder da literatura de transmitir conhecimentos, pensamentos e ideias, e o que esse livro transmite não é nada que preste.