domingo, 2 de março de 2014

O Milagre




Uma prova de que a fé, muitas vezes, não precisa fazer sentido


     Eu estou lendo, no momento, o livro “À primeira vista” (Nicholas Sparks), enquanto esboço mentalmente sua resenha. Entretanto, como este livro é a continuação de “O milagre” (mesmo autor), o mais sensato seria fazer primeiro a resenha do primeiro livro, portanto, aqui estamos nós.
     Em O milagre, temos, de um lado, Jeremy Marsh, um colunista cético e famoso de Nova York, conhecido por desmistificar eventos considerados sobrenaturais. Jeremy não acredita em Deus, em espíritos, em videntes e, sobretudo, não acredita no amor. No outro lado, temos Lexie Darnell, a bibliotecária de uma cidade pacata, Boone Creek - Carolina do Norte, que se firma, dentre outras crenças, na de que as luzes fantasmagóricas que eventualmente aparecem no cemitério local são uma manifestação transcendental de seus pais que morreram em um acidente.

     Suas vidas se cruzam quando Jeremy visita a cidade, a fim de desmistificar as fatídicas luzes. Para tal, ele faz uma pesquisa de campo com os habitantes da cidade e uma pesquisa bibliográfica na biblioteca em que Lexie trabalha. Lá, ambos tentam convencer um ao outro quanto aos seus respectivos pontos de vista, quando percebem que tem muito mais em comum do que as luzes do cemitério.
     Mas, para que ambos fiquem juntos,  ainda é preciso superar os traumas familiares e amorosos de Lexie, que a fizeram se apegar às suas crenças, e o segredo de Jeremy, que o tornara o incrédulo que hoje tentava, a troco de uma boa matéria, destruir o único elemento que dava à pequena cidade alguma notoriedade.
     A questão será: Irá Lexie perder sua infundada crença, ou Jeremy passará de cético para um “True Believer”, como o título original do livro sugere?

PING-PONG

Como o livro me achou: O Milagre foi, se eu não me engano, o primeiro livro do Nicholas Sparks que eu li. De qualquer forma é, sem dúvida, um dos mais antigos, que me introduziu no romance deslumbrante desse autor querido. E, se hoje eu tenho praticamente a coleção completa do NS é porque, realmente, este valeu a pena.

Um pró: É um Nicholas Sparks, o que já é um pró por si só. Mas, particularmente, esse é tipo de história com um final surpreendente.

Um contra: Tenho uma bronca particular por livros em que a mulher sempre tem razão. Isso, ao invés de nos valorizar, acaba dando a impressão que não temos a capacidade de ganhar uma discussão porque realmente estamos certas (o que, na maioria das vezes, realmente estamos...).

Um engano: Se você pensa que este é um livro do tipo místico, que tentará te convencer que fantasmas existem, está enganado. Há uma explicação plausível para tudo no livro, porém a questão foge do que é e do que não é, de fato, real e, sim, do que as coisas representam para os que nelas acreditam.

Uma decepção: Acho que, neste livro, um teve que ceder bem mais do que o outro, o que não foi muito justo considerando que, se cada um tinha seu próprio estilo de vida e que esses estilos eram totalmente divergentes, ambos teriam que fazer suas concessões.

Uma lição: Não desprezar a fé das pessoas. Às vezes, a fé (aqui, não me refiro à fé fundada em Deus e, sim, em relação às coisas que acreditamos na vida) não faz mesmo sentido, nem mesmo para quem acredita, mas é, muitas vezes, um consolo, uma válvula de escape, ou um modo de explicar o que a vida não pôde, como no caso de Lexie.

Um personagem: Rodney Hopper, assistente do xerife da cidade, um homem apaixonado pela Lexie desde a infância. Um rapaz educado, respeitável, bondoso e super-protetor com relação a Lexie e o “Garotão da cidade”. E adivinha um dos principais motivos que a levou a não levar adiante um relacionamento amoroso com ele? Ele não se interessava por livros! (=o) Apesar de gostar muito do Jeremy e do seu cinismo hilário, sempre tenho uma empatia natural por personagens cujo amor pelo protagonista não é correspondido.

Um conselho: Se você, como eu, tem o péssimo hábito de espiar o final do livro, peço encarecidamente que, desta vez, resista à tentação. Estraguei a leitura fazendo isso.

Uma citação: “Você entrou no meu mundo. E não o contrário. Eu era feliz até você chegar. Talvez não totalmente feliz, talvez um pouco solitária, mas estava satisfeita.”
Escolhi essa citação porque, muitas vezes, vivemos em uma estabilidade emocional que nos permite viver em uma quase felicidade, mas que precisa, às vezes, ser derrubada com as intempéries do amor.

Um livro bonito, vale a pena!



APROVADO!



2 comentários:

  1. Livros de romance não me agradam muito,mas vejo tanta gente falando de Nicholas Sparks que as vezes bate uma vontadezinha de ler rsrs Parabéns pelo post e sucesso Feer!

    Beijoos

    http://cantinhodatitania.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Nicholas Sparks é assim: os primeiros livros, seja quais forem, serão surpreendentes, mas os demais, por conhecer o estilo do autor, já são mais previsíveis...
      Esse é um autor tipicamente romântico, mas se vc quer algo menos mamão com açúcar, podia começar com "a última música", que trata mais do relacionamento de pais e filhos.

      Beijos!

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