segunda-feira, 20 de junho de 2016

O Príncipe dos Canalhas


Título original: Lord of Scoundrels
Autora: Loretta Chase
Editora: Arqueiro
Ano: 1995 / Brasil: 2015


Uma história promissora que não se sustentou...


     Sebastian Ballister, ou lorde Belzebu, como é conhecido, não é o personagem lindo e desejável que costumamos ver nos romances. Abandonado pela mãe e rejeitado pelo pai, o marquês de Dain não teve outra opção na vida senão se tornar um verdadeiro canalha. Acostumado a uma vida libertina e a natural repulsa das pessoas, Sebastian ficou absolutamente surpreso ao ser correspondido pela irmã do palerma Bertie Trent, Jessica.
     Não que ele tivesse o desejo e, muito menos a pretensão de conquistar a moça. Era para aquela mulher sair correndo aos gritos quando ele a encurralou em uma esquina para beijá-la. Mas o que ele menos esperava acontece: ela retribui.
    Jessica Trent só queria ver o irmão livre das mãos de lorde Belzebu. Bertie é completamente desajuizado, e ter o demônio de Dain como seu guia o levaria a total destruição. O que ela não contava era que se sentiria inevogavelmente e inconvenientemente atraída pelo lorde. Como agora ela poderia livrar a si mesma da má influência desse libertino?
      A verdade é que a relação deles não poderia ser mais prejudicial para a reputação de ambos. O que seria dela ao ser flagrada aos beijos com o maior devasso da história? E o que seria dele ao ser visto declarando seu amor, quando todos o consideravam o diabo em pessoa?
     As apostas foram feitas. Uma coisa, porém, era certa: depois desse encontro, as coisas jamais seriam as mesmas na vida deles.


PING-PONG

Como o livro me achou: Ouvi falar desse romance uma centena de vezes em diversos blogs, tecendo os melhores elogios, dizendo que era uma revolução nos romances históricos e tudo o mais. Também o vi reluzente numa prateleira da Saraiva, estendendo suas abinhas para ser devorado com esse enredo promissor. Como vocês veem, não tive muita escolha...

Um Pró: Esse é um livro inteligente e eu gosto muito disso. Os diálogos são instigantes, bem-humorados, com uma leitura bem envolvente e cenas inesperadas (algumas sensacionais, outras decepcionantes). Fora as menções em italiano que ganham ponto comigo fácil, fácil.
"- [...] Você não me escuta! Porque, como todo homem, você só consegue pensar uma coisa de cada vez. E ainda pensa errado.
- Já as mulheres mantêm 27 noções contraditórias dentro da cabeça - rebateu ele. - E é por isso que são incapazes de ter princípios." (p. 91)
Um Contra: Foi decepcionante ver que personagens tão incríveis e inovadores não foram capazes de se sustentar. Sebastian era um devasso por conta de uma sociedade de aparências e pela rejeição dos pais, mas no fundo só queria ser amado por alguém e aceitado como era. A verdade é que ele acabou se desfazendo ao longo da história, com um comportamento infantilizado em situações tão simples, o que tirou a essência perversa do personagem e o reduziu a um menino mimado. E ela, tão segura de si, tendo tido uma decepção em relação a ele, acaba reagindo de uma forma tão ridícula e nonsense dando um tiro no braço dele que eu tive que parar e reler para ver se eu tinha lido certo. E não foi algo do momento, ela se achou genial por aquilo e, pasmem, ele também. Ok, né?

Um diferencial: Verdade seja dita, esse livro tinha tudo mesmo para ser revolucionário. Diferente de tudo o que já li, o personagem de Sebastian é tudo o que não esperar de um príncipe encantado do século XIX. Ele era feio, asqueroso, grosseiro, se acha dono das mulheres e age, na maior parte do tempo, como uma criatura bestial. Ela, por sua vez, é independente, segura e muito pra frente para a sua época. Não consigo imaginar nenhuma irmã Bridgerton nem Hathaway lidando com o marquês como Jessica lidou. Elas nem ao menos o teriam considerado um pretendente.

Uma lição: Difícil se tirar uma lição de um livro em que 9 de cada 10 palavras são variações de "demônio" (se era para colocar o personagem nesse nível, que ele se comportasse como um até o fim, então). Mas acredito que esse livro mostre a importância da aceitação da família para o caráter de uma pessoa. Dificilmente alguém que não recebeu amor é capaz de amar, e Sebastian teve que lidar com seus traumas de uma forma bem dura.

Um personagem: Vou dar o benefício a Jessica Trent, porque apesar da decepção da cena mencionada, ela foi uma heroína. Conseguir resgatar aquele lorde das profundezas e dobrá-lo foi mesmo um prodígio. E gostei da praticidade dela, não tem aqueles mimimis que as mocinhas desse gênero muitas vezes têm, ela é bastante direta, corajosa e com um humor cáustico de fazer rir alto.

Uma citação:
"Ela era possessiva... em relação a ele.
Aquela criatura linda e louca - ou cega e surda - anunciara isso com a mesma frieza com a qual alguém pedia para passar o saleiro, e sem perceber que o eixo da Terra havia acabado de virar de cabeça para baixo." (p. 193) 
Acredito que a maior parte da minha decepção se deva à expectativa criada em torno do livro. Tantos elogios e premiações me fizeram imaginar algo extraordinário. Isso, somado ao fato que o livro tinha MESMO tudo para ser perfeito, mas que me frustrou de uma forma tão sacana, não me leva a querer, ao menos por hora, me arriscar em outro livro da autora.

Sinto muito aos que amaram O Príncipe dos Canalhas, mas...

NÃO RECOMENDO!



6 comentários:

  1. Ah, o que mais acontece em romances de época são os personagens se entregarem aos desejos e com isso perderem a força e aparência inicial. As vezes é irritante, concordo. Mas acho que a repetição do termo demônio se referindo ao protagonista é por conta da época. Talvez ele nem fosse tão asqueroso assim, mas por acreditarem que ele tinha algo do diabo, tornava a imagem dele pior ainda. Não sei, foi o que eu entendi ao ler. Até gostei da história, um pouco mais do mesmo, mas infelizmente esse gênero acaba sendo assim mesmo haha. Ótima resenha!

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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    1. Olá, Carol!
      Então, de fato, já vi muitos personagens perderem sua personalidade por conta de grande paixões. Mas esse livro em especial me decepcionou porque eu esperava que ele mantivesse a essências desses personagens. Ia ser muito interessante vê-los tendo que encarar de uma forma diferente seus conflitos, e não se perderem no meio da história e acabarem como todos os outros.
      Quanto à demonização do personagem, concordo com você, talvez fosse mesmo um esteriótipo dado a ele e isso tenha me feito acreditar que ele, seria, enfim, um vilão, um anti-herói. É um bom ponto esse.

      Obrigada pelo comentário, Carol, acho ótima a opinião de quem já leu o livro resenhado, porque enriquece minha percepção da história também!

      Um grande abraço!!
      Fer

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  2. Cheguei! hahaha
    E jura que pela primeira vez não vou ficar aqui louca para ler uma outra indicação da Dna. Fernanda?
    Eu também vejo inúmeros elogios à esse livro, então minha irmã leu e também achou umas partes bem decepcionantes! Ela me disse: "se você quiser ler, leia, mas não vai ser nada tão bom quando os Bridgerton ou a série que você leu (Hathaway)", então não li e pelo jeito acho que não vou ler tão cedo! O que mais me deixa frustrada em alguns livros é isso do autor no meio da história mudar quem o personagem era do nada, não cria algo em cima disso, um motivo em tempo real para justificar essa mudança, simplesmente se apaixonou e mudou? Não né, a vida não é assim e mesmo que seja uma história de ficção eu busco um pouco de realidade em tudo que leio, acho que você sabe né Fe, amei sua resenha honesta e por favor não mude nunca ok? hahahaha

    Beijos
    Dani Cruz
    blog-emcomum.blogspot.com.br
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    1. Dani!! Saudades, menina!
      Essa vou ficar te devendo mesmo, viu... Ainda mais por termos um gosto literário parecido, acho que vc ficaria igualmente frustrada, tá aí sua irmã que não me deixa mentir!
      E foi uma enorme perda esses personagens terem mudado assim, eles eram incríveis. Mas, cada história é uma história, né? As vezes, essas coisas acontecem, em livros ou na vida real. Mas que é difícil de engolir, isso é rsrsrs

      Obrigada, Dani, não some não hein???

      Beijão!

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  3. Não gosto desse gênero, embora eu ando lendo coisas bem positivas do livro, depois de ler sua resenha desanimei completamente.
    Mas adorei a lição que você tirou do livro, a aceitação da família é muito importante!
    Ótima resenha!

    Virando Amor

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    1. É, se para mim, que gosto do gênero, não foi tão bom, imagino que para quem não goste muito seja pior... Mas, de fato, a gente sempre tira alguma lição, não é mesmo?

      Obrigada, Carol, um abraço!

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