quarta-feira, 19 de junho de 2019

O Bom Prefeito



Título: O bom prefeito
Autor: Andrew Nicoll
Editora: Record
Ano: 2008 (original)/ 2014 (Brasil)


O bom e incorreto prefeito...

 

     Tibo Krovic é o prefeito da distante e pacata cidade de Ponto. Todos o admiram por sua competência, simpatia e, acima de tudo, pela sua bondade. É um homem de hábitos simples e que não cultiva grandes ambições. Solteiro, vive o amor platônico pela sra. Stopak, sua secretária.
     Agathe Stopak é uma jovem bela e infeliz. Após ter perdido um filho, seu casamento bem-sucedido fora sepultado juntamente com a criança. Sem conseguir mais o afeto do marido, tudo o que ela pode esperar são as doces e atenciosas gentilezas do prefeito.
     A história é narrada pela santa Walpurnia, a santa barbuda padroeira da cidade, que está em todo lugar em todo o tempo, seja na mente e no coração do prefeito, seja no oculto de cada canto de Ponto.

"Eles enganavam um ao outro todos os dias, de mil maneiras diferentes, sendo que nenhum dos dois ousava admitir o vazio, nenhum dos dois ousava expressar sua dor, cada um deles sem disposição para confessar a verdade a respeito de sua vida. Eles quase, quase enganavam a si mesmos. E, no entanto, eles reconfortavam um ao outro. Agathe com sua beleza curvilínea e animada (ela não podia evitar o fato de ser bonita) e Tibo com sua bondade. Tibo não podia evitar o fato de ser um homem bom. Eles aqueciam um ao outro com esses pequenos dons: bondade e beleza. São coisas preciosas. Sua oferta sempre é escassa." (p. 108).

PING-PONG:


Título e Capa: O título "bom prefeito" mostra o esteriótipo de Tibo, que carregava como uma bênção e uma maldição essa denominação. Uma vida ilibada fazia com que todos acreditassem que tudo o que ele poderia fazer seria bom e para o bem de todos. Ele não podia errar. A capa evoca um tempo antigo, história de época, uma cidade histórica e um casal apaixonado.

Como o livro me achou: não lembro muito bem quando ouvi falar pela primeira vez dessa história. Acredito que tenha sido por acaso em uma livraria, em que o adicionei à minha lista de desejos pela excentricidade do tema. Só no futuro, em uma feira do livro, é que consegui adquirir a obra.

Foi Top: A linguagem do autor ao narrar fatos simples.
"Ela o amava da maneira que se pode amar um ursinho de infância: não pelo que ele é, mas porque nós nos lembramos do que ele significava antes. E não é assim que um homem deve ser amado." (p. 14).
"Como é estranho o fato de que, sempre que o amor chega ou se vai, todo pensamento sobre comida desaparece. Por sorte, às vezes, o amor fica; se não, todos nós iríamos morrer de fome." (p. 127).

Não tão Top: O final do livro é estranho demais. Quando li na contra-capa que se tratava de uma fábula, duvidei que a história pudesse se enquadrar nessa categoria. Pensei que fosse só uma questão de apresentar uma moral, algo assim, mas tudo ficou muito fora da casinha, e a história estava indo muito bem para acabar com bichos e fantasmas... Não gostei disso, não.

Só nesse livro: quem narra a história é uma santa barbuda. Já é cômico pensar em uma santa feia e barbuda, símbolo da pureza e força da mulher. Mas achei um ótimo artifício usar uma santa para contar a história, uma vez que ela se faz onipresente. Conta como uma pessoa experiente, que percebe sentimentos não revelados, e de quem não se pode esconder segredos.

Quem me conquistou: Acho que, apesar de tudo, fico com o bom prefeito. Ele me conquistou por causa do seu cavalheirismo e atenção, não só com a Agathe, afinal, sendo ele apaixonado por ela, não poderia ser diferente, mas pelo cuidado que ele demonstrou com cada pessoa, sempre atento a cada necessidade e gosto. O fato de ele deixar um pacotinho de balas para a dona do restaurante, por exemplo, comendo uma e deixando o resto, porque sabia que ela não aceitaria se ele comprasse só para ela. Pequenos gestos de atenção que me cativaram.

Quem podia cair fora: Tem vários personagens bizarros, mas acho que o mais nojento é o Hektor, um vagabundo que quis se aproveitar dos problemas matrimoniais de Agathe para destruir o marido dela com a bebida e ainda seduzi-la. Muito asqueroso esse homem.

O que o livro me ensinou:  
Primeiro, o que Tibo ensina:
"Eu aprendi que não existe tanto amor assim no mundo a ponto de podermos nos dar ao luxo de desperdiçá-lo. Nem uma gota. Se chegamos a encontrá-lo, não importa onde, devemos armazená-lo e aproveitá-lo o máximo possível, pelo maior tempo possível."(p.297).
A outra lição foi do advogado Yemko:
"Nunca confunda justiça com lei. Nunca confunda o que é bom com o que é certo. Nunca parta do princípio de que aquilo que é certo deve ser o que é bom." (p.53).
O prefeito Krovic era um homem bom, mas não era correto. Gostava de uma mulher casada e, às vezes, condenava criminosos reais sem o respaldo da lei. Acho que essa foi a mensagem do livro, escrita de uma forma divertida e bizarra.


    Apreciei a leitura, mas me decepcionei com o final, não por como as coisas terminaram, mas pelo meio para se chegar a esse fim. Quem lê, entenda.





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