quinta-feira, 25 de julho de 2019

Vozes do Éden

 

Título: Vozes do Éden
Autora: R. M. Lamming
Editora: Bertrand Brasil
Ano: 2005 (original)/ 2011 (Brasil)

Uma nova voz às mulheres da bíblia...


      Vozes do Éden é uma coletânea de sete histórias, baseadas em sete personagens femininas da bíblia. São histórias são contadas em primeira pessoa, em forma de monólogo, reflexão ou carta.
     Eva foi banida do paraíso com seu marido, Adão, e precisa enfrentar as consequências espirituais e sociais de sua queda. O que aconteceu com o casal, ao enfrentar o mundo longe de Deus? Como foi sofrer a dor e ver a morte pela primeira vez? E quanto a perda de dois filhos, um para a morte física, e outro para a morte espiritual?
     A mulher de Ló não creu na mensagem divina enviada por anjos. Não aprovou a dedicação cega do marido a homens estranhos, que vieram com uma mensagem de destruição. Virou uma estátua de sal. Como foram os momentos anteriores? E como foi perder tudo com um único gesto de incredulidade?
     Sara tinha uma grande promessa sobre ela, mas não soube guardar a fé. Depois de tantos anos de esterilidade, como crer que seria mãe de uma nação? Ela tomou uma decisão irreversível ao querer "dar uma mãozinha" para Deus e fazer com que Abraão tivesse um filho com a serva Agar. Como foi a vida de todos depois disso? E depois da vinda do filho da promessa? E na sua quase morte?
     Agar também teve seu lado da história. Uma escrava sonhadora. Alguém que temia e desprezava seus senhores na mesma intensidade. A mulher escolhida para dar à luz o herdeiro de Abraão. E quanto aos seus direitos? Quem seria ela na história, já que não era a mulher do patriarca? E o que fazer com o filho deles, quando o filho da promessa nasceu?
     A filha do faraó tinha poder e riquezas, mas não tinha um filho. E havia uma criança que lutava pela vida em um rio. Moisés era tudo o que ela precisava, e foi aquele que lhe tirou tudo o que tinha. Como continuar amando um filho que negava toda a sua criação a favor de suas origens? Que negava seus preciosos deuses para servir ao Deus de um povo escravizado? E que se colocava contra o faraó e seu governo, ao ponto de enviar pragas que quase destruíram todo o Egito?
     Marta era o extremo oposto da irmã, Maria. Metódica, organizada, trabalhadora e racional. Até que o Senhor a repreendeu. Mas Ele não quer que ela seja como Maria em seu temperamento, apenas em sua entrega. Como ela poderia ser a agitada Marta e ainda assim servir a Deus? Como ela poderia abandonar sua ansiedade e repousar aos pés de Jesus?
     Cláudia era uma mulher forte, capaz de influenciar o homem mais poderoso de Jerusalém, o governador Pôncio Pilatos. Ela teve um sonho que a perturbou. E ela tomou uma atitude com relação a esse sonho. Como foi ser a mulher do governador nos dias de Jesus? E sua vida, depois que o homem que atormentou seu sono morreu, e depois ressuscitou?

PING-PONG


Tíulo e Capa: Ambos fazem alusão à primeira história, de Eva, por trazer o "Éden" e a figura de uma mulher com uma maçã. Mas, como Vozes está no plural, e trata-se da história de várias mulheres, parece uma escolha oportuna sobre a temática que o livro abordará. Ah, e uma nota para os efeitos em relevo da capa, e seu material aveludado, que tornou a edição bastante luxuosa.

Como o livro me achou: Feira do livro. Como não sair carregada de sacolas com um preço tão acessível e títulos tão interessantes?

Foi Top: Achei muito interessante imaginar o que a bílbia não contou sobre essas mulherers, afinal, elas foram reais. Claro que não haveria espaço, nem relevância, relatar a vida de cada personagem bíblico, do começo ao fim, mas essas pessoas existiram, tiveram uma infância e uma velhice. Essa extrapolação do que foi a vida dessas mulheres, extraída a partir daquilo que já conhecíamos, foi mesmo Top.

Não tão Top: Talvez, algumas histórias tenham sido um pouco extensas demais. A história de Eva foi fantástica, mas relativamente curta. Já a de Cláudia levou quase um quinto do livro. Entendo que o tamanho da história variou com a quantidade de informações sobre as personagens cedidas pela bíblia, mas teve muita enrolação na história da filha do Faraó, por exemplo, o que tornou a leitura um pouco cansativa em alguns momentos.

Só nesse livro: Foi usada uma ferramenta narrativa em que o narrador em primeira pessoa conta para uma pessoa específica a sua história. Quando lemos uma história em primeira pessoa, a sensação é de que ela foi escrita para qualquer um que a fosse ler. Mas, nessa história, há um ouvinte específico: uma filha, uma escrava, uma amiga, uma irmã... É como se escutássemos um monólogo às escondidas, uma conversa íntima, o que gera curiosidade e interesse.

Quem me conquistou: Sempre me identifiquei com a Marta da bíblia. Sou aquela que se preocupa com muitas coisas. Gostei de ler uma história sobre ela, do modo como ela defende sua personalidade, ao mesmo tempo em que a entrega para Jesus. Não é certo viver ansiosa, mas podemos usar essa energia e proatividade para a glória de Deus também.

Quem podia cair fora: A forma como a filha do Faraó foi retratada a fez bem superficial e mimada. Sempre a imaginei uma mulher sensível, mãezona, que amaria Moisés apesar de tudo. Uma mulher forte, capaz de enfrentar a todos, até mesmo o temível faraó, se fosse preciso. Mas aqui ela estava mais preocupada consigo mesma, com sentimentos contraditórios e sem inspiração.

O que o livro me ensinou: Aprendi muito com a história de Marta:
"Quando ele falou, eu senti - o poder da fé. Pareceu transformar o próprio ar em um músculo que se pôs a trabalhar em tudo, formando e reformando, e eu também fui capturada por ele e, conforme a pedra se moveu, pensei que fosse me desfazer em nada, em poeira fina." (p. 192. Marta, na ressurreição de Lázaro).

Um livro interessante, que instiga nossa imaginação não só para as histórias dessas personagens, mas para cada figura bíblica usada por Deus para nos ensinar sobre Seu poder e amor. 



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