domingo, 11 de novembro de 2018

Emma





Título: Emma
Autora: Jane Austen
Editora: Landmark
Ano: 1815

 

Três volumes para pouca Jane...


"Emma Woodhouse, bonita, inteligente e rica, com uma casa confortável e disposição alegre, parecia reunir algumas das maiores bênçãos da existência; e vivera quase vinte e um anos no mundo com muito pouco a lhe causar angústia ou irritação." (p.5)

    Miss Woodhouse perdeu a mãe muito cedo. Quando sua irmã mais velha se casou, passou a ser a senhora de sua casa e a única a cuidar do frágil e muito amado pai, Mr. Woodhouse.
    Em razão de um arranjo matimonial bem-sucedido por ela entre o importante Mr. Weston e Miss Taylor, a governanta que a criara como uma verdadeira mãe, além de um interesse irremediável por romances alheios, Emma se aventurara a ser a casamenteira oficial dos arredores de Hartfield.
     Mas este plano não poderia dar mais errado, pois, ao usar sua pobre amiga Harriet como alvo de suas intervenções, comete sucessivos erros de julgamento e causa muitas confusões.
     Felizmente, ela conta com a presença constante de Mr. Knightley, um advogado de meia idade e grande amigo da família, que complementa a educação indulgente de seu pai para fazê-la avaliar e refrear sua conduta impulsiva. 
     Com uma promessa ao pai de que nunca se casaria, a fim de cuidar dele por toda a vida, Emma acaba deixando os próprios sentimentos de lado, mas, sem se dar conta, passa de caçadora para caça, no jogo que tanto incentivou os outros a jogarem: o jogo da paixão.

PING-PONG:

Título e capa: Esse livro atravessou os séculos e, certamente, teve inúmeras capas. A capa do que eu li, entretanto, não me pareceu nada convidativa. Uma flor branca escondida atrás do título, e o restante do espaço praticamente vazio. Felizmente, Jane Austen já tem seu público garantido, tornando o elemento vital de marketing de um livro mero acessório. Quando ao título, nada mais prudente, pois a história gira tanto em torno de Emma e suas vaidades, que o título faz mesmo jus a todo o seu egocentrismo.

Como o livro me achou: Fiz o propósito de conhecer todos os livros da autora, e acabei adquirindo por um bom preço essa edição bilingue de capa dura. Jane Austen certamente merece uma coleção de luxo na minha estante.

Foi Top: Acho que o mais interessante desse livro foi que, tentanto descobrir os sentimentos dos personagens, acabamos nos enganando junto com Emma em seus julgamentos. Ao que parece, todos mantiveram uma falsa aparência. E o que há de mais astuto em um livro do que enganar seus leitores?

"O que há de novo em um homem de primeira classe ser cativado por uma jovem de nível inferior? O que havia de novo em um cavalheiro, talvez muito ocupado para procurar, ser o prêmio de uma moça que o procurasse? Seria isto uma novidade no mundo por ser desigual, inconsistente, incongruente... ou pelo fato do acaso e as circunstâncias (como segundas causas) dirigirem o destino humano?" (p. 208)

Não tão Top: O livro é cansativo. De todos os de Jane Austen, achei esse o mais comum, por assim dizer. A trama é interessante, mas havia ambientes e personagens muito mais cativantes e promissores do que o mundo entediante de Emma.

Só nesse livro: Temos um livro de romance em que a protagonista não sofre por amor. Sim, ela tem algumas dúvidas quanto ao seus sentimentos, mas seu único descoforto nesse quesito é tido por sua atitude egoísta, possessiva e ciumenta em relação ao objeto do seu afeto.

Quem me conquistou: Não chegando exatamente a ser Mr. Darcy, mas podendo muito bem se comportar como um primo próximo, no que tange à sua docilidade, Mr. Knightley é muito bem capaz de conquistar os corações dos românticos mais exigentes. Tudo bem que o cara já é um quarentão, mas tem uma experiência de vida que põe no chinelo qualquer galãzinho a la Frank Churchill que aparecer (personagem que entra nas tramas matrimoniais de Emma). George é atencioso, franco, e um amigo muito fiel para Emma, que a apoia, provoca, e ainda diz umas verdades que ela bem precisava ouvir.

Quem podia cair fora: A princípio, eu teria elegido Miss Bates. Pensa naquela pessoa tagarela que emenda um assunto no outro com a mesma facilidade que uma máquina de costura emenda uma colcha de retalhos. E pensa em cada diálogo dela escrito extensivamente no livro. Mas depois passei a ter carinho por essa jovem senhora, tão simples e sincera. Podia mesmo cair fora Mrs. Elton, a pessoa mais egocêntrica já descrita, que fez com que todos os personagens a detestassem intimamente, mesmo que tendo que manter as famosas aparências, e até Emma reprovasse tamanha arrogância.

O que o livro me ensinou: Que não temos que nos intrometer nos romances alheios, seja para uni-los ou para separá-los. Ora, cada um que sabe da sua vida, e se conselho fosse bom, não era de graça. Devemos, sim, torcer pela felicidade dos nossos amigos, mas, cuidar mesmo, só do nosso próprio coração, o que já é uma tarefa, por si só, bastante complicada.

"Foram ditas algumas poucas coisas inteligentes, outras completamente tolas, mas a maior parte da conversa não se constituía nem de uma coisa, nem de outra, nada pior do que os comentários comuns, repetições aborrecidas, velhas novidades e anedotas passadas." (p.110)

A escrita, obviamente, foi impecável, mas, na minha modesta opinião, Jane Austen poderia ter escolhido outra personagem para centralizar todo o enredo, ou talvez tornar Emma um pouco mais suportável, sem os seus "quem você pensa que é para ter a ousadia e o atrevimento de se apaixonar por mim?".

O protagonista não deve mesmo ser perfeito, mas mesmo vilões sabem cativar, por que Emma não conseguiu, mesmo tendo melhorado ao longo da trama? Todavia, por Jane, e só por Jane, é com carinho que guardarei essa história na minha coleção e nas minhas lembranças. Por Jane e, claro, por Mr. Knightley.








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