segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Você Entendeu Tudo Errado



Título: Você entendeu tudo errado
Autora: Marianne Kavanagh
Editora: Única
Ano: 2015



Entendi mesmo errado do que se tratava esse livro...



    Eva, uma hippie tranquilíssima, conhece o jovem e solitário Harry e eles se tornam melhores amigos... ou algo mais, quem vai saber? Mas Kim, sua irmã mais nova, simplesmente detesta o cara, que passa a frequentar sua casa como se fosse da família, fazendo-a sempre se sentir deslocada com seu sorriso irônico e suas tiradas sobre tudo o que ela acha importante.
    O tempo passa, e a paixão pela assistência social torna Kim uma ativista visionária. Já a aptidão de Harry pela lógica, pela matemática, e por grandes desafios, o transforma em um banqueiro de sucesso. Tudo isso só afasta ainda mais os mundos desses dois jovens, ligados unicamente pelo amor sem medidas pela mesma pessoa: Eva.
     No meio desse tiroteio, Eva engravida e quer manter seus dois amores mais perto do que nunca. Mas, quanto mais ela tenta uni-los, mas vê a distância entre Kim e Harry virando um abismo intransponível. Somente quando acontece uma tragédia, os personagens terão a chance de descobrir o que realmente há por trás da briguenta Kim, do debochado Harry, e da pacifista Eva.

"As pessoas sempre procuram um padrão, pensou Harry. É um impulso natural. Porque padrões economizam tempo. Vocẽ tenta reconhecer o que já conhece, para não ter de analisar cada informação que recebe. Caso contrário, a vida seria exaustiva. Você viveria em meio a uma constante névoa de pânico." (p. 35)


PING-PONG


Título e Capa: Um título que remete a um engano sempre parece promissor. "E se fosse possível ter aquela conversa que nunca aconteceu?" - é o que a capa pergunta. A imagem do casal e de folhas secas que parecem indicar a passagem do tempo me fez pensar em todos os segredos por trás do que não teria sido dito, afinal.

Como o livro me achou: Mas um legado da Bienal do livro. Autor desconhecido + tema interessante + preço bom = livro em casa. 

Foi Top: Achei bacana algumas reflexões dos personagens. Essa coisa de "cave bem fundo a vida das pessoas e o caráter delas será justificado". Descobrir o que levou cada um a agir assim tem uma base psicológica bem interessante.

"As vezes, você precisa pensar que as pessoas são só estranhas, têm seus motivos para fazer certas coisas, mas escondem as razões  bem no fundo. Ou fecham os olhos para o que estão fazendo, porque é triste, ou faz com que se sintam sós ou com medo. Então, aparentemente, nada tem sentido. Nem mesmo pra elas." (p. 79) - Eva

Não tão Top: Apesar da boa cadência, a estrutura da escrita é bem difícil de acompanhar. Entre as descrições, há diálogos, pensamentos, tudo em uma narrativa que se passa em terceira e primeira pessoa ao mesmo tempo! Além das muitas referências regionais da autora que precisaram de constantes notas de referência ao pé da página.

Só nesse livro: A história não é dividida em capítulos, mas em anos (que nem sempre são sucessivos). No começo, achei meio ruim, mas é uma organização diferente e interessante, dando uma sensação melhor de continuidade do que capítulos isolados.

Quem me conquistou: Os personagens são bem construídos, mas nenhum deles poôde me conquistar. Se eles fossem reais, não teria interesse em conhecer ninguém dessa história, de verdade. Eles são mesquinhos, egoístas, intransigentes, ou só canalhas mesmo. Talvez escolhesse Harry, se ele não fosse tão covarde e mala. Talvez escolhesse Kim, se ela não achasse que o mundo todo gira ao redor dela. Talvez escolhesse Eva, se ela não fosse tão calma e inabalável, que parece simplesmente não ter sentimentos. E os outros são dispensáveis.

Quem podia cair fora: E dentre toda essa "gente boa" o prêmio de maior traste vai paraaaa: Jake. Lógico que vai para ele, é o Canalha com C maiúsculo! Daquele que usa as pessoas e joga fora sem o maior pudor. Nunca vi alguém tão voltado para o umbigo sujo quanto esse camarada. Faria a leitura mais bonita se se mandasse logo no começo da história.

O que o livro me ensinou: A não confiar numa capa com aparência de romance meloso! Isso aqui é um drama puro, daqueles que você precisa de alguma terapia depois. A autora deve ter feito curso intensivo com Danielle Steel, para levar a palavra tragédia até a última gota de lágrima. E me ensinou também a dizer as coisas direito porque, à semelhança dos que entenderam tudo errado no livro, você pode acabar comprando gato por lebre ao pensar numa história bonitinha e se deparar com um drama asfixiante.

Fui tapeada pela capa meiga e título convidativo, então não faça o mesmo. A menos que esteja procurando acordar um coração de pedra dentro do peito, vá atrás de Nicholas Sparks que, pelo menos, costuma terminar bem.
Não gostei da estrutura, nenhum personagem me cativou e ainda acabei deprimida.

Particularmente, não recomendaria isso para ninguém, mas há sempre um leitor ávido por um coração destruído (o seu). Para esses, boa leitura!





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